segunda-feira, 24 de maio de 2010

Da janela do carro

Bisbilhotando pela janela, verifico que o carro está calmo. Deslizando pelo asfalto dessa avenida, sentindo nos pés os buracos e no rosto o vento da noite. Cada quilômetro um pensamento brota e morre como quem faz uma curva. Do retrovisor o mundo fica ao contrário e fica confuso, e fica patético. Trocando de plano, assisto as luzinhas da cidade lá no fundo da paisagem; todas elas fingem serem estrelas no chão, caídas do céu. Daqui, as árvores passam depressa, produzindo um zunido ilusório de velocidade. Lá na frente vejo somente o limite luminoso dos faroletes dessa carcaça motorizada. Por fim o céu. Visto de onde estou pouco muda, mas faz todo sentido pensar que ele se transforma silenciosamente, mudo; porém, na companhia de todo o universo. Aqui do lado de dentro uma monotonia deslumbrante, acompanhada de música norte-americana, que me faz ir alto e longe mesmo estando tão perto do chão e de coisas que me alcançam.

E mais a frente outra curva morre...!

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