domingo, 5 de setembro de 2010

Perturbação

Mal cheguei a casa e debrucei-me em nossa cama, repleta de colchas e vazia em alma. Descobri que tudo estava faltando, compadecia de carência tua. Existem muitos fatos e objetos dessa casa que me recordam de ti, me emudecem por completo.

Lembrando de como deitavas todo emaranhado em lençóis, com uma beleza estonteante como um desenho feito à mão; colorido cuidadosamente, sem dar lugar ao pincel escorregando em falhas. Perfeição.

Abraçando seu travesseiro para tentar te sentir mais de perto, mais aqui; quem sabe me abraçasses também - nada percebi. Absorvi teu perfume incrustado nas almofadas. Chorei.

O feixe de luz da janela me despertou para frases ditas e músicas assobiadas por ti em tons desafinados. Percebi que minhas chances de te mostrar a vida não perduram mais nem um instante. O tempo faz peraltices confusas.

Deixei a fraqueza subjugar meu corpo por completo, fui transbordando de pensamentos em arritmia cronológica mesclado com ilusões fanáticas a fim de encontrar uma solução para aquela patologia da alma: a saudade. Precisamente ali permaneci até repousar em sonhos catárticos. Preciso me reerguer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bonito, saudade é um sentimento latino, não existe palavra como esta na língua inglesa. Talvez por que nós pensemos com mais poesia. Parabéns, conto curto, mas maravilhoso. Na verdade, eu que sou muito prolixa. Beijos, Giordana.