domingo, 29 de agosto de 2010

Ao Fim do Dia

Chegando a casa, já noite caída e mal-tratada pelo barulho da cidade. Então, concluído o cansaço de ver o dia passando, escolho parar e sentir tudo, ouvir e ver qualquer estilhaço da presença da vida do lado de fora.
Escuto atentamente e percebo que ainda há gente voltando e indo para lugares pertinentes à sua própria existência, pois lá fora o ônibus reclama, engasga até respirar fundo para mais uma engasgada gostosa.
Ainda com minha audição, compreendo que, mesmo aqui na cidade, os animais parecem mais persistentes do que realmente são: corujas, diminutos morcegos e infinitos grilos incansáveis. As noites são mesmo assim.
Da janela a noite existe muito mais intensamente; fresca, serena e calma. Nem muitas estrelas, nem muito céu; porém infindáveis estruturas construídas a fim de perturbar nossas vistas.
O sono já alcançando minha memória, principio a divagar em catarse passageira. Músicas antigas chegam sem motivo nenhum, muito menos com ritmo reconhecível ou palavras cognoscíveis; cantarolo mesmo assim.
Um zumbido de pensamentos quase em ziguezague estabelecem um elo entre o passado e o presente. O futuro aparece como um pedido de explicações plausíveis. Tudo vai soando nebuloso; graças a mais um dia que chegou ao fim, finalmente, e terminou bem. O sonho se esconde em meio à neblina e durmo exatamente ali, no sofá. Todas as noites são mesmo assim.

2 comentários:

Quertzacoalt disse...

E nas vezes em que mudam, mudamo para o mesmo - mudam para o idêntico.

Anônimo disse...

diminutos morcegos;